quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

SINOPSE -CARNAVAL 2012


TABAJARA SOCIEDADE RECREATIVA APRESENTA:

TABAJARA SOCIEDADE RECREATIVA APRESENTA:



ENREDO: “peguei um pau-de-arara no sertão da caatinga e no cerrado vim morar.”

A Escola de Samba Tabajara, no carnaval de 2012, mostra a saga do nordestino rumo à terra fértil – Uberlândia.
O imaginário popular brasileiro sobre a emigração, principalmente dos Estados Nordestinos (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), apresenta muitos mitos e estórias. Algumas criadas pelos próprios migrantes que viajam em torno de três mil quilômetros ou mais para chegar até a região Sudeste. O Nordeste Brasileiro não é uma região homogênea, nem física e nem socialmente. Podemos dividi-la em quatro grandes sub-regiões: o meio-norte pré-amazônico e a zona da mata litorânea (úmidos), o agreste (semi-úmido) e o sertão (semi-árido).
Essa área mais interiorizada do Nordeste as chuvas são esparsas, com longos períodos de seca. 

‘’Sem chuva na terra
descamba Janeiro,
depois fevereiro
e o mesmo verão
meu Deus, meu Deus
entonce o nortista
pensando consigo
diz: "isso é castigo
não chove mais não"
(A triste partida: Luiz Gonzaga)


Por isso, sua vegetação, a Caatinga, é formada por resistentes arbustos e cactos (como o mandacaru) que armazenam água para os períodos de estiagem. Caatinga é uma palavra de origem Tupi que significa mata branca    (a vegetação fica cinzenta e branca durante a seca), sendo a paisagem característica de todo o Sertão Nordestino.



A narrativa inicial é ambientada no Sertão, região marcada pelas chuvas escassas e irregulares. Inverno, na região Nordeste, é o nome dado à época de chuvas, em que a esperança do sertanejo floresce. O sonho de uma existência menos árida e miserável esboça-se no horizonte e dura até as chuvas cessarem  para então a seca retornar implacável. A falta d’água força a triste partida do sertanejo para outro espaço, desconhecido, a ser desbravado, conquistado.  Essa é sua saga de eterno viajante que busca oportunidades melhores com menos sofrimento, pois acredita que a abundância de água e terras já é o bastante para garantir um futuro com menos privações para seus entes queridos.

“O sertanejo é antes de tudo, um forte!”
(Euclides da Cunha em “Os Sertões)







‘’Quando a lama virou pedra
e mandacaru secou
...
Foi aí que eu vim me embora
carregando a minha dor.’’
(Paraíba – Luiz Gonzaga)

“ Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração”
(Asa Branca – Luiz Gonzaga)

             As migrações causadas por problemas sociais, econômicos e ambientais como a falta d’água e a fome, assolam os nordestinos de diversas regiões levando as famílias sertanejas para uma caminhada impiedosa na aridez da caatinga, em busca de condições mais favoráveis de vida, mas sempre relembrando e revivendo a sua cultura e suas origens.


‘’Quando eu vim do sertão,
seu môço, do meu Bodocó
A malota era um saco
e o cadeado era um nó
Só trazia a coragem e a cara
Viajando num pau-de-arara
Eu penei, mas aqui cheguei (bis)
Trouxe um triângulo, no matolão
Trouxe um gonguê, no matolão
Trouxe um zabumba dentro do matolão
Xóte, maracatu e baião
Tudo isso eu trouxe no meu matulão’’
(Pau de Arara - Luiz Gonzaga)




Apesar da miséria que o expulsou do Sertão, o nordestino traz consigo uma riquíssima bagagem cultural manifestada nas quadrilhas de festas juninas, no bumba-meu-boi, na capoeira, frevo, ou maracatu. Ainda tem o reisado (nossa Folia de Reis) e os ritmos populares do baião, xaxado e do forró, dentre outras festas e danças.


A culinária nordestina nos traz a tapioca (o primeiro pão do Brasil), dentre outras delicias feitas a base de macaxeira (nossa mandioca), jerimum (nossa abóbora) e milho. 


O Nordeste é um grande celeiro de mestres das diferentes artes. Seja no humor, literatura, música presentes na grande mídia ou então dos anônimos do artesanato, além da fabulosa linguagem de cordel e suas xilogravuras.


 








A falta de chuva que transforma a paisagem da caatinga em um ambiente inóspito e hostil, obriga o sertanejo a deixar sua terra tão amada,  partindo em busca de uma terra prometida, a “terra fértil”, com água em abundância e mais oportunidades para construir uma vida melhor.
Por ser uma região muito atrativa localizada no bioma do Cerrado (considerado o berço das águas) Uberlândia (terra-fértil) abriga atualmente cerca de 70 mil imigrantes nordestinos e seus descendentes (segundo a Associação de Nordestinos de Uberlândia). A opção por este enredo foi motivada pela forte presença do nordestino na construção do desenvolvimento econômico da cidade além de contar a façanha individual (saga), daquele que conta suas dificuldades desde sua saída da terra natal até a adaptação em um novo lugar, encobrindo a situação de classe e as diferenças culturais que esse deslocamento implica.

A Escola de Samba Tabajara, no carnaval de 2012, mostra a saga do nordestino rumo à terra fértil: Uberlândia.

Contando num repente
com muita alegria,
a cultura dessa gente
sem tropeços,
com suas alegorias,
fantasias e adereços.

``Trouxe na bagagem
toda a minha tradição
posso aqui festejar
meu animado São João
Quando a saudade aperta
Canto um forró do Gonzagão
Aqui, água brota da terra
Debaixo do Buriti
Aqui a Asa Branca canta
Com seu parceiro Bem-Te-vi
Minha macaxeira tempero
Com farinha de pequi
Minha cabra e meu bode
Aqui podem pastá
Sem medo do lobo guará``
(Flavio Arciole)





Referências da pesquisa

ANUdi – Associação dos Nordestinos de Uberlândia
A.N.B. -  Associação dos Nordestinos do Brasil
CASCUDO, Luís da Câmara: Dicionário do folclore brasileiro
I.B.G.E.: Dados do censo 2010




Carnavalesco: Flavio Arciole



Comissão de Carnaval:

Ana Laura da Silva Juliao
Lucas Carlos de Oliveira
Leocidio da Silva
Luciano Martins de Faria
Marcelo Fonseca da Silva
Marco Túlio Mendes Eterno




Uberlândia, 01 de outubro de 2011


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