TABAJARA SOCIEDADE RECREATIVA
APRESENTA:
TABAJARA SOCIEDADE RECREATIVA APRESENTA:
ENREDO: “peguei um pau-de-arara no sertão da caatinga e no cerrado vim morar.”
A
Escola de Samba Tabajara, no carnaval de 2012, mostra a saga do nordestino rumo
à terra fértil – Uberlândia.
O
imaginário popular brasileiro sobre a emigração, principalmente dos Estados
Nordestinos (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), apresenta
muitos mitos e estórias. Algumas criadas pelos próprios migrantes que viajam em
torno de três mil quilômetros ou mais para chegar até a região Sudeste. O Nordeste Brasileiro não é
uma região homogênea, nem física e nem socialmente. Podemos dividi-la em quatro
grandes sub-regiões: o meio-norte pré-amazônico e a zona da mata litorânea (úmidos),
o agreste (semi-úmido) e o sertão (semi-árido).
Essa
área mais interiorizada do Nordeste as chuvas são esparsas, com longos períodos
de seca.
‘’Sem chuva na terra
descamba Janeiro,
depois fevereiro
e o mesmo verão
meu Deus, meu Deus
entonce o nortista
pensando consigo
diz: "isso é castigo
não chove mais não"
descamba Janeiro,
depois fevereiro
e o mesmo verão
meu Deus, meu Deus
entonce o nortista
pensando consigo
diz: "isso é castigo
não chove mais não"
(A triste
partida: Luiz Gonzaga)
Por
isso, sua vegetação, a Caatinga, é
formada por resistentes arbustos e cactos (como o mandacaru) que armazenam água
para os períodos de estiagem. Caatinga é uma palavra de origem Tupi que
significa mata branca (a vegetação fica cinzenta e branca
durante a seca), sendo a paisagem característica de todo o Sertão Nordestino.
A narrativa inicial é ambientada no Sertão, região marcada pelas chuvas
escassas e irregulares. Inverno, na região Nordeste, é o nome dado à época de
chuvas, em que a esperança do sertanejo floresce. O sonho de uma existência
menos árida e miserável esboça-se no horizonte e dura até as chuvas cessarem para então a seca retornar implacável. A falta
d’água força a triste partida do sertanejo para outro espaço, desconhecido, a
ser desbravado, conquistado. Essa é sua
saga de eterno viajante que busca oportunidades melhores com menos sofrimento,
pois acredita que a abundância de água e terras já é o bastante para garantir
um futuro com menos privações para seus entes queridos.
“O sertanejo é antes de tudo, um forte!”
(Euclides da Cunha em “Os Sertões)
‘’Quando a lama virou pedra
e mandacaru secou
e mandacaru secou
...
Foi aí que eu vim me embora
carregando a minha dor.’’
carregando a minha dor.’’
(Paraíba
– Luiz Gonzaga)
“ Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração”
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração”
(Asa Branca – Luiz Gonzaga)
As migrações causadas por problemas sociais, econômicos e ambientais
como a falta d’água e a fome, assolam os nordestinos de diversas regiões
levando as famílias sertanejas para uma caminhada impiedosa na aridez da
caatinga, em busca de condições mais favoráveis de vida, mas sempre relembrando
e revivendo a sua cultura e suas origens.
‘’Quando eu vim do sertão,
seu môço, do meu Bodocó
A malota era um saco
e o cadeado era um nó
Só trazia a coragem e a cara
Viajando num pau-de-arara
Eu penei, mas aqui cheguei (bis)
Trouxe um triângulo, no matolão
Trouxe um gonguê, no matolão
Trouxe um zabumba dentro do matolão
Xóte, maracatu e baião
Tudo isso eu trouxe no meu matulão’’
seu môço, do meu Bodocó
A malota era um saco
e o cadeado era um nó
Só trazia a coragem e a cara
Viajando num pau-de-arara
Eu penei, mas aqui cheguei (bis)
Trouxe um triângulo, no matolão
Trouxe um gonguê, no matolão
Trouxe um zabumba dentro do matolão
Xóte, maracatu e baião
Tudo isso eu trouxe no meu matulão’’
(Pau de
Arara - Luiz Gonzaga)
Apesar da miséria que o
expulsou do Sertão, o nordestino traz consigo uma riquíssima bagagem cultural
manifestada nas quadrilhas de festas juninas, no bumba-meu-boi, na capoeira,
frevo, ou maracatu. Ainda tem o reisado (nossa Folia de Reis) e os ritmos
populares do baião, xaxado e do forró, dentre outras festas e danças.
A culinária nordestina nos
traz a tapioca (o primeiro pão do Brasil), dentre outras delicias feitas a base
de macaxeira (nossa mandioca), jerimum (nossa abóbora) e milho.
O Nordeste é um grande
celeiro de mestres das diferentes artes. Seja no humor, literatura, música presentes
na grande mídia ou então dos anônimos do artesanato, além da fabulosa linguagem
de cordel e suas xilogravuras.
A falta de chuva que transforma a paisagem da caatinga em um ambiente inóspito e hostil, obriga o sertanejo a deixar sua terra tão amada, partindo em busca de uma terra prometida, a “terra fértil”, com água em abundância e mais oportunidades para construir uma vida melhor.
Por
ser uma região muito atrativa localizada no bioma do Cerrado (considerado o
berço das águas) Uberlândia (terra-fértil) abriga atualmente cerca de 70 mil
imigrantes nordestinos e seus descendentes (segundo a Associação de Nordestinos
de Uberlândia). A opção por este enredo foi motivada pela forte presença do
nordestino na construção do desenvolvimento econômico da cidade além de contar
a
façanha individual (saga), daquele que conta suas dificuldades desde sua saída
da terra natal até a adaptação em um novo lugar, encobrindo a situação de
classe e as diferenças culturais que esse deslocamento implica.
A
Escola de Samba Tabajara, no carnaval de 2012, mostra a saga do nordestino rumo
à terra fértil: Uberlândia.
Contando num repente
com muita alegria,
a cultura dessa gente
sem tropeços,
com suas alegorias,
fantasias e adereços.
``Trouxe
na bagagem
toda
a minha tradição
posso
aqui festejar
meu
animado São João
Quando
a saudade aperta
Canto
um forró do Gonzagão
Aqui,
água brota da terra
Debaixo
do Buriti
Aqui
a Asa Branca canta
Com
seu parceiro Bem-Te-vi
Minha
macaxeira tempero
Com
farinha de pequi
Minha
cabra e meu bode
Aqui
podem pastá
Sem
medo do lobo guará``
(Flavio
Arciole)
Referências
da pesquisa
ANUdi – Associação dos Nordestinos de
Uberlândia
A.N.B. -
Associação dos Nordestinos do Brasil
CASCUDO, Luís da Câmara: Dicionário do folclore brasileiro
I.B.G.E.: Dados do censo 2010
Carnavalesco: Flavio Arciole
Comissão de Carnaval:
Ana Laura da Silva Juliao
Lucas Carlos de Oliveira
Leocidio da Silva
Luciano Martins de Faria
Marcelo Fonseca da Silva
Marco Túlio Mendes Eterno
Uberlândia, 01 de
outubro de 2011
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