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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

TABAJARA 2023 | ENREDO

 




YEJI SEMBA SANKO DA EUFORIA - Carnaval 2023

Como esse enredo convidamos nossa aldeia a olhar para o passado de glórias e buscar um futuro de Paz e Harmonia. Nesses novos tempos irmanados de mãos dadas na folia, na lida diária e na diversidade. Lutando por um futuro mais inclusivo, sem racismo e preconceito, a Tabajara chama todas, todos e todes para esse grande festejo de celebração da vida.

Em nossa aldeia as festas têm reza, ajeum e orixás, com nossos tambores, batuques e cantos, vamos homenagear nossos baluartes na tradição do samba, pois, mesmo depois de 68 anos de sua fundação a Tabajara continua sendo uma passista menina, como dizia seu fundador o grande Mestre, Lotinho.

Ô, ô, ô, ô... Acorda gente que a tabajara chegou, chegou no asfalto para mostrar o seu valor.



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terça-feira, 20 de agosto de 2013

TABAJARA 2014 - SINOPSE


Sinopse 2014
Tabajara Sociedade Recreativa 

  
“PÉ VERMELHO E FIDALGUIA.
TABAJARA: 60 ANOS DE ALEGRIA”

                        Em 2014 a Tabajara Sociedade Recreativa comemora os 60 anos de sua fundação. É a primeira escola de samba de Uberlândia, herdeira de um movimento étnico de resistência iniciado pela comunidade negra nos desfiles de ranchos carnavalescos como os “Tenentes Negros”. A escola foi criada no Bairro Patrimônio, antigo reduto de negros recém-libertos e que durante muitos anos foi a representação da segregação racial que existia (e ainda existe) na cidade.

            A Tabajara Sociedade Recreativa optou por este tema para homenagear seus fundadores, enaltecendo uma história de resistência contra o preconceito a partir dos desfiles de Carnaval. Também será enfatizada a história do povo do bairro Patrimônio, “berço” da cultura popular de Uberlândia, que continua resistindo contra o seu “desaparecimento” atualmente diante da especulação imobiliária que avança sobre o seu território.

            Para isso a Tabajara Sociedade Recreativa organizou seu enredo em quatro partes:

·         1ª parte: “Pé vermelho”
·         2ª parte: “Fidalguia”
·         3ª parte: Tabajara: 60 anos
·         4ª parte: de alegria (?).


1ª parte: PÉ VERMELHO


Segundo os dicionários a designação “pé vermelho” é um modo pejorativo para designar um caipira ou então uma pessoa de origem humilde que vivia em áreas urbanas sem calçamento. Também são chamadas assim as pessoas provenientes do interior de algumas regiões que apresentam o chamado solo “terra roxa” rico em barronite (um minério e que apresenta uma forte coloração vermelha devido aos óxidos de ferro presentes). No Rio de Janeiro o termo era aplicado aos moradores dos morros ou favelados.

Terra roxa: era como os imigrantes italianos chamam o solo do interior de São Paulo - “terra rossa” que em italiano quer dizer terra vermelha.

Os moradores do Bairro Patrimônio (e os de outras periferias de Uberlândia) também eram chamados pejorativamente de “pé vermelho” pela elite da cidade, que fazia referência ao barro e a poeira que eles traziam em seus pés, uma vez que moravam em locais sem calçamento. Era mais uma forma de discriminação que aquelas pessoas sofriam em uma cidade que já possuía a fama de ser muito racista e burguesa. SILVA (2010) nos relata que:

“aqui chamava pé vermelho é porque a terra era muito massapé, então no tempo das águas procê sair calçado, quase que cê precisava carregar uma pazinha procê vir tirando o barro, pra ir pra cidade. Cê pegava o calçado, calçava um chinelo, aí naquela subida ali da General Osório tem um calçamentozinho, macaquinho né? Daí cê tirava o chinelo e calçava o sapato, largava o chinelo, lavava os pé né? Aí quando passava de volta trazia”. 
(Sr. Quitute, morador do bairro Patrimônio; entrevistado em 03 de julho de 2007).


2ª Parte: FIDALGUIA

            Nesta parte do enredo a Tabajara Sociedade Recreativa pretende tratar da fantasia que transforma as pessoas durante o Carnaval. O sentido mais anárquico desta festa que transforma o pobre em nobre, o homem em mulher, o adulto em criança.
            Sabemos que o Carnaval era uma festa da elite. Bailes, Corsos e Cordões eram para os poucos que podiam confeccionar belas fantasias e gastar dinheiro com festas, confetes e serpentinas. Hoje quando se fala em carnaval no Brasil, logo vem a imagem das escolas de samba, do samba e da hegemonia do negro. Mas nem sempre foi assim. A conquista do Carnaval pela música e dança do negro – o samba – foi uma luta contra o preconceito e por direitos iguais, inclusive o direito de comemorar na rua. Acreditamos que essa luta dos negros ocorreu em quase todos os lugares, inclusive em Uberlândia – uma cidade que se emancipou sob os ares da aristocracia republicana de 1888-1889.
            Sabemos que a abolição da escravatura (1888) não livrou o negro da miséria, da segregação sócioespacial e do preconceito. A Estação Primeira de Mangueira do Rio de Janeiro cantou no carnaval de 1988 durante os 100 anos da Abolição, a atual condição do negro: Livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela”. A história do bairro Patrimônio e dos chamados “pés vermelhos” reafirmam isso.
            Por isso a fidalguia, a nobreza dessa luta. Narrar a conquista da avenida pelos ranchos negros e a saga das escolas de samba para conquistar território no carnaval de Rua, principalmente a partir da criação da Tabajara, é relembrar a luta para vencer a apartação social que era uma triste realidade da cidade de Uberlândia.
            É de conhecimento histórico que Uberlândia foi uma cidade segregadora, que apartava negros e brancos espacialmente em bairros com maioria de população negra, como o Patrimônio. Além disso, apartava negros e brancos em cinemas, proibia a entrada de negros em clubes aristocráticos e dividia as calçadas das ruas entre brancos e negros durante o chamado footing do carnaval e dos finais de semana.
Foi a partir da coragem dos ranchos negros como os “Tenentes Negros” que o carnaval de Uberlândia começou a combater o preconceito racial. Atraindo muita gente quando passavam com seus batuques e cantorias, os negros mesmo reproduzindo a fidalguia dos carnavais daquela época, promoviam uma mistura de todo o tipo de gente após seus desfiles.
Os ranchos traziam balizas que funcionavam como abre-alas. Depois vinham: porta estandarte com sua guarda (o que mais tarde viria a ser a porta-bandeira e o mestre sala) e por último os bailarinos femininos e masculinos, todos misturados. Na rabeira vinham todos os foliões que se deixavam levar pela percussão e pelos instrumentos de sopro. A saída dos ranchos negros foi o início da democratização do Carnaval de Rua de Uberlândia. Apesar de ser uma festa de rua, o Carnaval era muito elitizado, apartando negros e brancos.
Integrantes do rancho "Tenentes Negros"
in:SILVA, Antônio P. As histórias de Uberlândia. Vol. 1 p.93
            A fidalguia de seus desfiles manifestava-se para além das roupas de duques e de damas. A fidalguia destes negros foi sendo alcançada por meio da luta por direitos iguais, contra o racismo e o preconceito. Lutando contra as injustiças, os ranchos negros transformaram-se na maior atração do Carnaval de rua. As empresas passaram a oferecer premiações aos campeões (muitos dos componentes destes ranchos  trabalhavam nessas empresas, provocando certa disputa entre elas).
            Os ranchos negros como Tenentes Negros, Turunas e Flor de Maio foram precursores desta luta, mantendo a hegemonia do carnaval nos anos de 1930. Infelizmente em 1946 os Tenentes não existiam mais. No entanto, em 1954 surge a primeira escola de samba de Uberlândia – a Tabajara – para dar continuidade a essa luta.




3ª parte: TABAJARA: 60 ANOS


"Se as lembranças às vezes afloram ou emergem quase sempre são uma tarefa, uma paciente reconstituição."
Ecléia Bosi
          
Nesta parte do enredo pretendemos homenagear os “bambas”, as personagens históricas e os precursores da Tabajara Sociedade Recreativa Escola de Samba fundada em 1954 no Bairro Patrimônio por iniciativa do Mestre Lotinho. É a escola de samba mais antiga e a maior campeã do Carnaval de Rua em Uberlândia. Até o momento a escola coleciona 22 títulos sendo que, dos nove últimos, as conquistas foram consecutivas. Os mestres Pato e Lotinho pensaram em criar a Tabajara a partir de um bloco carnavalesco com sede no extinto bar "Caba Roupa" ou José do Patrocínio, reduto de negros localizado na Vila Osvaldo. A idéia de formar uma escola de samba aos moldes do carnaval do Rio de Janeiro era uma tentativa de recuperar espaço e diversão, como havia ocorrido com os ranchos negros na década de 1930.
Primeiros integrantes da Tabajara – 1954
Fonte: SILVA, Antônio P. História do Carnaval de Uberlândia. Uberlândia: 2007

       O nome da escola foi inspirado na Orquestra Tabajara de Severino Araújo do Rio de Janeiro. Mestre Lotinhocrooner único e primeiro cantor negro a se apresentar nos clubes de Uberlândia – era fã da orquestra e fiel ouvinte de seus shows transmitidos pela Rádio Nacional. A primeira fantasia dos integrantes da Escola (Figura 3) foi em homenagem aos índios Tabajaras. O termo “Índio” para o Mestre Lotinho era dado a todos aqueles que não sabiam sambar, mas que mereciam desfilar. Até hoje a “Ala dos Índios” é uma das mais tradicionais alas da escola.

O curioso é que a nossa escola de samba é uma entidade de perfil afro. No entanto tem sua origem associada a um indígena brasileiro da etnia Tabajara (do tupi tawa = aldeia e yara = senhor). Mestiçagem típica do Brasil.


Pavilhão da escola de samba Tabajara Sociedade Recreativa

A saga em formar uma escola de samba talvez fora a mesma de se formar um rancho carnavalesco negro. Não era apenas a conquista do direito à folia no Carnaval. Mas antes de tudo era a luta contra a discriminação e o preconceito racial, cultural e social, considerados “normais”. A rua não promovia a mistura das pessoas chamadas de diferentes (seja por diferenças na cor da pele, sexo, credo, classe social, etc.) apesar de ser (ou devesse ser) um espaço de domínio público. O carnaval não era para todos, apesar de ser a “maior festa popular do mundo”. Algo deveria mudar!

Em uma reunião entre amigos durante comemorações familiares surge a Tabajara para fazer parte da história de Uberlândia.

Ao longo de sua existência a Tabajara foi marcada por fatos curiosos que justificam homenagens à sua história: sua fundação inspirada no movimento dos ranchos negros e sua origem no Bairro Patrimônio – um verdadeiro quilombo urbano. O nome da escola em homenagem a uma orquestra carioca que inspirou o fundador da escola Mestre Lotinho - primeiro cantor negro a se apresentar em aristocráticos salões de Uberlândia e região. 


In: SILVA, Antônio P. História do Carnaval de Uberlândia. Uberlândia, 2007 p.10

A opção de desfile da Tabajara segundo Mestre Lotinho foi inspirada em filmes vistos por seus fundadores nos cinemas da cidade e também nos desfiles das escolas de sambas do Rio de Janeiro. Também havia uma mistura do samba com batuques do Congado – uma festa tão afro-mineira.

Como precursora das escolas de samba de Uberlândia a Tabajara colecionou muitas vitórias e muitas derrotas. Segundo SILVA e o Mestre Lotinho a escola foi 17 vezes campeã consecutivamente, com intervalo apenas em 1958, quando perdeu para a escola de samba Princesa Isabel. Ficou afastada dos carnavais por brigas com o poder público durante vários anos das décadas de 1960 e 1970, voltando a ganhar o campeonato somente em 1983, quando homenageou Adoniran Barbosa, com o tão esperado retorno do Mestre Lotinho na avenida. Entre 1984 e 2003 a Tabajara ficou sem ganhar nenhum título, jejum que foi quebrado em 2003 e que a partir de 2005 até 2013 transformou-se em vitórias consecutivas.
                
Sendo a primeira escola de samba de Uberlândia, foi natural que Tabajara inspirasse a criação de outras escolas de samba. Foi assim que aconteceu com a “Pavão Dourado”, escola de samba do Bairro Martins. Da Tabajara também saíram componentes que criaram outras agremiações como a escola de samba “Princesa Isabel” (Zé Pretinho), “Unidos do Capela” (Capela) e “Unidos do Chatão” (Pai Nego). Desta forma a Tabajara guarda a história e o legado de ser primeira escola de samba do carnaval de rua de Uberlândia. Com todas as dificuldades, comunidades se organizaram e criaram outras escolas de samba como:
·         Última Hora (fundada por Du Marier)
·         Pavão Dourado (fundada por Eugênio Silva)
·         Garotos do Samba (fundada por Otávio Afonso – Mestre Bolo)
·         Imperiais do Samba (fundada por Zé Pretinho)
·         Acadêmicos do Samba (fundada por Ary de Castro Santos)
·         Unidos do Luizote (fundada por Vininho),
·         Unidos do Chatão (fundada pelo Pai Nego)
·         Unidos do Capela e Princesa Isabel  (fundada por Eurípedes Bernardes de Assis – O Capela)
·         Cidade Industrial, dentre várias outras bandeiras.

Precisamos salientar que foi a partir dos desfiles do Carnaval que o “apartheid” existente no carnaval e no dia a dia de Uberlândia foi sendo diluído, misturando e promovendo festa entre pessoas iguais -  sejam brancos ou negros – pelo menos durante os dias de folia. Para o Mestre Lotinho essa foi a sua maior contribuição.

Para além de sua tradição, a Tabajara também se consolidou como um patrimônio cultural de Uberlândia, contribuindo para a criação de Arte e Cultura em vários campos como: composições musicais, danças, cenografia, teatro, literatura, artes plásticas, figurino/costura, serralheria e concepção de estruturas para carros alegóricos dentre outros. O Samba além de ser uma diversão, tornou-se também veículo para a apresentação de um grande espetáculo que informa a população sobre temas contemporâneos ou resgata a memória de nossa história.

 Em seus enredos a Tabajara já cantou na avenida temas sobre ecologia e meio ambiente, crítica social, origens de nossa culinária, história do congado e de outras culturas como o bumba-meu-boi, histórias de Uberlândia e de seus ilustres filhos, homenagens a artistas ou a povos que contribuíram para o progresso não somente  econômico, mas também e principalmente o progresso cultural de nossa cidade. 

Carro Alegórico do enredo “Bota Rei Congo no Congado” – Carnaval de 2009.
            (Disponível em
http://tvc-canal7.blogspot.com.br/2012/02/tabajara-sociedade-recreativa-historia.html Acesso em 07 novembro de 2013)

Comissão de Frente do Desfile da Tabajara em 2012 – Peguei um pau-de-arara no Sertão da Caatinga e no Cerrado eu vim morar”
(Disponível em http://migre.me/fGesh Acesso em 06 de ago. de 2013)                                            

                           Comissão de Frente “O Mito da Criação na Aurora dos Deuses Nagôs”– Carnaval de 2013.                                                        (Disponível em http://migre.me/fGe4k Acesso em 06 de ago. 2013)


Veja as conquistas que a escola vem acumulando nos últimos anos:


4ª parte: DE ALEGRIA 

Nesta parte do enredo a Tabajara pretende fazer um protesto contra o “desaparecimento” do Bairro Patrimônio – um celeiro da cultura popular de Uberlândia – diante da especulação imobiliária que tem aguçado a disputa por seu território.

Como local que abrigou os negros forros e as pessoas mais pobres de Uberlândia, o bairro Patrimônio foi vítima da segregação sócioespacial e racial, tornando-se praticamente um quilombo urbano às margens do desenvolvimento que chegava até a cidade. Durante muito tempo seus habitantes apenas tiveram oportunidades de trabalho e de sobrevivência em atividades poluidoras e degradantes como o Matadouro Municipal e a Charqueada Omega.  Essa exclusão social e territorial fez com que as pessoas construíssem sua identidade por meio da cultura, uma vez que na cidade os moradores de um quilombo não caçam, não plantam e nem pescam. 




A identidade do povo chamado de “pé vermelho” foi criada por meio de manifestações populares como a Congada, a Folia de Reis e o Carnaval (a partir da criação da Tabajara). E o Bairro Patrimônio foi o “berço” desta cultura popular em Uberlândia.

Folia dos Santos Reis no bairro PatrimônioDisponívelhttp://migre.me/fGeiM Acesso em 06 de ago. de 2013
No entanto, com o crescimento urbano e a decisão do plano diretor de que a cidade deveria crescer mais para a direção sul do município, o Bairro Patrimônio ficou no eixo de grandes empreendimentos projetados para a Zona Sul. São empreendimentos predominantemente elitizados como Shopping Center, condomínios horizontais, galerias de conveniência, restaurantes, clínicas médicas e de estética que desfrutam da proximidade de um público mais abastado, da proximidade de clubes requintados como o Cajubá e o Praia Clube além da bela vista panorâmica que se tem no bairro do centro da cidade (a paisagem também tornou-se mercadoria). O Patrimônio ficou “ilhado” entre bairros elitizados. Houve tentativas de “desaparecer” com o bairro Patrimônio a partir de fragmentações em loteamentos como o Copacabana, Altamira e Morada da Colina.


Mapa da atual configuração territorial do bairro Patrimônio – 2013            Disponível em http://migre.me/fGdwCAcesso feito em 06 de ago.2013

Na nova proposta de formatação dos bairros realizada pela prefeitura, deveriam ser fundidos os bairros menos populosos. Neste caso, curiosamente, ocorreu o contrário. Foram fundidos os mais populosos (Patrimônio e Copacabana – a parte do Patrimônio altamente verticalizada) e foram mantidos os menos populosos e mais abastados como os bairros Altamira e Morada da Colina.


Outro fator que nos chama a atenção são os conflitos que passam a existir entre os antigos e novos moradores. Os antigos querem manter suas tradições. Mas as manifestações culturais do bairro não agregam mais seus moradores porque eles possuem histórias diferentes, ao contrário do que ocorreu no passado. Durante a formação do bairro Patrimônio, a exclusão acabou por unir os moradores que criaram uma identidade cultural ao participarem de eventos e festas comunitárias como a Congada, a Folia de Reis e o Carnaval todas elas realizadas nas ruas. 


Terno de Congado Moçambique Princesa Isabel
Terno de Congado Moçambique Pena Branca
Terno de Congado Moçambique Raízes
Já a maioria dos novos moradores de classe média, média alta ou alta não se misturam com os antigos moradores. As festas os incomodam e, frequentemente, há reclamações do barulho, das movimentações nas ruas e dos transtornos provocados no trânsito quando ocorrem estas manifestações. As casas simples atrapalham as vendas de apartamentos novos e de mansões, além de outros empreendimentos comerciais destinados à elite. É um conflito constante. Como todo conflito tem um lado mais fraco, a memória do Patrimônio está sendo apagada e o bairro está “desaparecendo”.  A divisão das heranças e a necessidade financeira também têm contribuído para expulsar o antigo morador do bairro para outros lugares da cidade.
Preocupante também é o fato de que a diversificação de pessoas no território do Patrimônio não promoveu sua integração. Isso acabou por gerar intolerâncias e episódios de violência.
 Foi assustador encontrar em um famoso site de busca algumas notícias sobre o Patrimônio e nos deparar, em primeiro lugar, com a notícia de uma chacina ocorrida em agosto de 2012 que deixou nove feridos, sendo que quatro morreram. Com tanta história e riqueza cultural, é deprimente ver que um bairro tão tradicional não está apenas sendo “apagado”. Ele está sendo consumido pela expansão do capital que traz consigo também algumas mazelas sociais como furtos, roubos, assassinatos e tráfico de drogas, dentre tantas outras formas de violência.


Rua Ipanema no bairro Patrimônio          Disponível em http://migre.me/fE6uQAcesso em 06 de ago. de 2013
A apartação social se manifesta no espaço e se materializa na paisagem como podemos conferir na Figura 14 acima onde à esquerda podemos ver calçadas e construções do “novo” Patrimônio: bem feitas, modernas, com verticalização que maximiza o uso do solo como mercadoria. Já à direita vemos calçadas e casas simples do “velho” Patrimônio. Ao fundo, a silhueta do Fundinho e do centro da cidade, altamente verticalizados. O centro histórico de Uberlândia também está “desaparecendo”.
Essa apartação social não é só percebida por meio das construções. Ela é manifestada no abismo social entre os muito ricos e os muito pobres.

Sobre essa dura realidade é a escola encerra seu desfile com um questionamento: 

Alegria (?).





sábado, 14 de julho de 2012

SINOPSE - CARNAVAL 2013


Sinopse Carnaval 2013
 ESCOLA DE SAMBA TABAJARA SOCIEDADE RECREATIVA
O MITO DA CRIACÃO NA AURORA DOS DEUSES NAGÔS

Aqui neste mito da criação, um dos mais conhecidos da cultura Nagô/Iorubá, encontramos muitos elementos para o entendimento e relacionamento com este universo mitológico dos Orixás. Quando falamos de Orixá, falamos de uma força pura, geradora de uma série de fatores predominantes na vida de uma pessoa e também na Natureza. Em tempos de busca por sustentabilidade e de proteção ambiental, não é oportuno reconciliar homem e natureza?

Na mitologia do povo Nagô, Olorum, Senhor Supremo do Universo, resolveu acabar com o ócio reinante no Orun (Céu, mundo espiritual) e decidiu criar um mundo habitado por seres em tudo semelhante a Ele. Para o empreendimento, convocou todos os Orixás, seus filhos, e sob o comando de Obatalá (Oxalá) seu primogênito, ordenou que partissem para criar o Ayé (Terra, o mundo material). Quando Olorum, Senhor do Infinito, criou o Universo com o seu hálito sagrado, criou junto seres imateriais que povoaram o Universo. Esses seres seriam os Orixás que foram dotados de grandes poderes sobre os elementos da Natureza. 

Em verdade os Orixás são emanações vindas de Olorum, com domínio sobre os quatro elementos: fogo, água, terra e ar. Ainda dominam os reinos vegetal e animal, com representações dos aspectos masculino e feminino, ou seja, para todos os fenômenos e acidentes naturais, existe um Orixá regente.  Através do processo de constituição física e diante das leis de afinidades, cada ser humano possui um ou mais Orixás, como protetores de sua vida, a eles sendo destinadas formas diversas de culto.

Percebemos que a mitologia africana sobre o princípio da criação do mundo em muito se assemelha a interpretações de diferentes culturas. A interação entre os quatro elementos, o panteão de deuses e santos apenas reafirmam o sincretismo que marca a identidade brasileira. Também há nos mitos relação com a ciência, como a criação a partir do caos e o surgimento da vida a partir da água. 

Desta forma, a Escola de Samba Tabajara pretende cantar na avenida o sopro sagrado de Olorum, diante do nada, do vazio absoluto, daquilo que chamavam, sem nunca terem conhecido, o Oceano do Não Ser. E com suas fantasias, alegorias e adereços, contar o mito da criação na aurora dos deuses Nagôs.

 
Clique aqui e saiba mais sobre essa história.


Veja também:

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