“PÉ VERMELHO E FIDALGUIA.
TABAJARA: 60 ANOS DE ALEGRIA”
Em 2014
a Tabajara Sociedade Recreativa
comemora os 60 anos de sua fundação. É a primeira escola de samba de
Uberlândia, herdeira de um movimento étnico de resistência iniciado pela
comunidade negra nos desfiles de ranchos carnavalescos como os “Tenentes Negros”. A escola foi criada
no Bairro Patrimônio, antigo reduto de negros recém-libertos e que durante
muitos anos foi a representação da segregação racial que existia (e ainda
existe) na cidade.
A Tabajara
Sociedade Recreativa optou por este tema para homenagear seus fundadores,
enaltecendo uma história de resistência contra o preconceito a partir dos
desfiles de Carnaval. Também será enfatizada a história do povo do bairro
Patrimônio, “berço” da cultura popular de Uberlândia, que continua resistindo contra
o seu “desaparecimento” atualmente diante da especulação imobiliária que avança
sobre o seu território.
Para isso a Tabajara
Sociedade Recreativa organizou seu enredo em quatro partes:
·
1ª
parte: “Pé vermelho”
·
2ª
parte: “Fidalguia”
·
3ª
parte: Tabajara: 60 anos
·
4ª
parte: de alegria (?).
Segundo os dicionários a designação “pé vermelho” é um modo
pejorativo para designar um caipira ou então uma pessoa de origem humilde que
vivia em áreas urbanas sem calçamento. Também são chamadas assim as pessoas
provenientes do interior de algumas regiões que apresentam o chamado solo
“terra roxa” rico em barronite (um
minério e que apresenta uma forte coloração vermelha devido aos óxidos de ferro
presentes). No Rio de Janeiro o termo era aplicado aos moradores dos morros ou
favelados.
Terra roxa: era como os imigrantes italianos chamam o solo do interior
de São Paulo - “terra rossa” que em
italiano quer dizer terra vermelha.
Os moradores do Bairro Patrimônio (e
os de outras periferias de Uberlândia) também eram chamados pejorativamente de “pé vermelho” pela elite da cidade, que
fazia referência ao barro e a poeira que eles traziam em seus pés, uma vez que
moravam em locais sem calçamento. Era mais uma forma de discriminação que
aquelas pessoas sofriam em uma cidade que já possuía a fama de ser muito
racista e burguesa. SILVA (2010) nos relata que:
“aqui chamava pé vermelho é porque a terra era muito massapé, então no tempo das águas procê sair calçado, quase que cê precisava carregar uma pazinha procê vir tirando o barro, pra ir pra cidade. Cê pegava o calçado, calçava um chinelo, aí naquela subida ali da General Osório tem um calçamentozinho, macaquinho né? Daí cê tirava o chinelo e calçava o sapato, largava o chinelo, lavava os pé né? Aí quando passava de volta trazia”.
(Sr. Quitute, morador do bairro Patrimônio; entrevistado em 03 de julho de 2007).
2ª
Parte: FIDALGUIA
Nesta
parte do enredo a Tabajara Sociedade
Recreativa pretende tratar da fantasia que transforma as pessoas durante o
Carnaval. O sentido mais anárquico desta festa que transforma o pobre em nobre,
o homem em mulher, o adulto em criança.
Sabemos
que o Carnaval era uma festa da elite. Bailes, Corsos e Cordões eram para os poucos
que podiam confeccionar belas fantasias e gastar dinheiro com festas, confetes
e serpentinas. Hoje quando se fala em carnaval no Brasil, logo vem a imagem das
escolas de samba, do samba e da hegemonia do negro. Mas nem sempre foi assim. A
conquista do Carnaval pela música e dança do negro – o samba – foi uma luta contra o preconceito e por direitos
iguais, inclusive o direito de comemorar na rua. Acreditamos que essa luta dos
negros ocorreu em quase todos os lugares, inclusive em Uberlândia – uma cidade
que se emancipou sob os ares da aristocracia republicana de 1888-1889.
Sabemos
que a abolição da escravatura (1888) não livrou o negro da miséria, da
segregação sócioespacial e do preconceito. A Estação Primeira de Mangueira do Rio de Janeiro cantou no carnaval
de 1988 durante os 100 anos da Abolição, a atual condição do negro: “Livre do açoite da senzala, preso na
miséria da favela”. A história do bairro Patrimônio e dos chamados
“pés vermelhos” reafirmam isso.
Por
isso a fidalguia, a nobreza dessa
luta. Narrar a conquista da avenida pelos ranchos negros e a saga das escolas
de samba para conquistar território no carnaval de Rua, principalmente a partir
da criação da Tabajara, é relembrar a luta para vencer a apartação social que
era uma triste realidade da cidade de Uberlândia.
É
de conhecimento histórico que Uberlândia foi uma cidade segregadora, que
apartava negros e brancos espacialmente em bairros com maioria de população
negra, como o Patrimônio. Além disso, apartava negros e brancos em cinemas,
proibia a entrada de negros em clubes aristocráticos e dividia as calçadas das
ruas entre brancos e negros durante o chamado footing do carnaval e dos finais de semana.
Foi a partir da coragem dos ranchos
negros como os “Tenentes Negros” que
o carnaval de Uberlândia começou a combater o preconceito racial. Atraindo
muita gente quando passavam com seus batuques e cantorias, os negros mesmo
reproduzindo a fidalguia dos carnavais daquela época, promoviam uma mistura de
todo o tipo de gente após seus desfiles.
Os ranchos traziam balizas que
funcionavam como abre-alas. Depois vinham: porta estandarte com sua guarda (o
que mais tarde viria a ser a porta-bandeira e o mestre sala) e por último os
bailarinos femininos e masculinos, todos misturados. Na rabeira vinham todos os
foliões que se deixavam levar pela percussão e pelos instrumentos de sopro. A
saída dos ranchos negros foi o início da democratização do Carnaval de Rua de
Uberlândia. Apesar de ser uma festa de rua, o Carnaval era muito elitizado,
apartando negros e brancos.
Integrantes do rancho "Tenentes Negros" in:SILVA, Antônio P. As histórias de Uberlândia. Vol. 1 p.93 |
Os
ranchos negros como Tenentes Negros,
Turunas e Flor de Maio foram precursores desta luta, mantendo a hegemonia do
carnaval nos anos de 1930. Infelizmente em 1946 os Tenentes não existiam mais.
No entanto, em 1954 surge a primeira escola de samba de Uberlândia – a Tabajara – para dar continuidade a essa
luta.
3ª parte: TABAJARA: 60 ANOS
"Se as lembranças às vezes afloram ou emergem quase sempre são uma tarefa, uma paciente reconstituição."
Ecléia
Bosi
Nesta parte do enredo pretendemos
homenagear os “bambas”, as
personagens históricas e os precursores da Tabajara
Sociedade Recreativa Escola de Samba fundada em 1954 no Bairro Patrimônio
por iniciativa do Mestre Lotinho. É
a escola de samba mais antiga e a maior campeã do Carnaval de Rua em
Uberlândia. Até o momento a escola coleciona 22 títulos sendo que, dos nove
últimos, as conquistas foram consecutivas. Os mestres Pato e Lotinho pensaram
em criar a Tabajara a partir de um bloco carnavalesco com sede no extinto bar "Caba Roupa" ou José do
Patrocínio, reduto de negros localizado na Vila Osvaldo. A idéia de formar uma
escola de samba aos moldes do carnaval do Rio de Janeiro era uma tentativa de
recuperar espaço e diversão, como havia ocorrido com os ranchos negros na
década de 1930.
O nome da escola foi inspirado na Orquestra Tabajara de Severino Araújo do Rio de Janeiro. Mestre Lotinho – crooner único e primeiro cantor negro a se apresentar nos clubes de Uberlândia – era fã da orquestra e fiel ouvinte de seus shows transmitidos pela Rádio Nacional. A primeira fantasia dos integrantes da Escola (Figura 3) foi em homenagem aos índios Tabajaras. O termo “Índio” para o Mestre Lotinho era dado a todos aqueles que não sabiam sambar, mas que mereciam desfilar. Até hoje a “Ala dos Índios” é uma das mais tradicionais alas da escola.
Primeiros integrantes da Tabajara – 1954 Fonte: SILVA, Antônio P. História do Carnaval de Uberlândia. Uberlândia: 2007 |
O nome da escola foi inspirado na Orquestra Tabajara de Severino Araújo do Rio de Janeiro. Mestre Lotinho – crooner único e primeiro cantor negro a se apresentar nos clubes de Uberlândia – era fã da orquestra e fiel ouvinte de seus shows transmitidos pela Rádio Nacional. A primeira fantasia dos integrantes da Escola (Figura 3) foi em homenagem aos índios Tabajaras. O termo “Índio” para o Mestre Lotinho era dado a todos aqueles que não sabiam sambar, mas que mereciam desfilar. Até hoje a “Ala dos Índios” é uma das mais tradicionais alas da escola.
O
curioso é que a nossa escola de samba é uma entidade de perfil afro. No entanto
tem sua origem associada a um indígena brasileiro da etnia Tabajara (do tupi tawa =
aldeia e yara = senhor). Mestiçagem
típica do Brasil.
Pavilhão da escola de samba Tabajara Sociedade Recreativa |
A
saga em formar uma escola de samba talvez fora a mesma de se formar um rancho
carnavalesco negro. Não era apenas a conquista do direito à folia no Carnaval.
Mas antes de tudo era a luta contra a discriminação e o preconceito racial,
cultural e social, considerados “normais”. A rua não promovia a mistura das
pessoas chamadas de diferentes (seja por diferenças na cor da pele, sexo,
credo, classe social, etc.) apesar de ser (ou devesse ser) um espaço de domínio
público. O carnaval não era para todos, apesar de ser a “maior festa popular do
mundo”. Algo deveria mudar!
Em uma reunião entre amigos durante comemorações familiares surge a Tabajara para fazer parte da história de Uberlândia.
Ao longo de sua existência a Tabajara foi marcada por fatos curiosos que justificam homenagens à sua história: sua fundação inspirada no movimento dos ranchos negros e sua origem no Bairro Patrimônio – um verdadeiro quilombo urbano. O nome da escola em homenagem a uma orquestra carioca que inspirou o fundador da escola Mestre Lotinho - primeiro cantor negro a se apresentar em aristocráticos salões de Uberlândia e região.
In: SILVA, Antônio P. História do Carnaval de Uberlândia. Uberlândia, 2007 p.10 |
A opção de desfile da Tabajara segundo Mestre Lotinho foi inspirada em filmes vistos por seus fundadores nos cinemas da cidade e também nos desfiles das escolas de sambas do Rio de Janeiro. Também havia uma mistura do samba com batuques do Congado – uma festa tão afro-mineira.
Como precursora das escolas de
samba de Uberlândia a Tabajara
colecionou muitas vitórias e muitas derrotas. Segundo SILVA e o Mestre Lotinho
a escola foi 17 vezes campeã consecutivamente, com intervalo apenas em 1958,
quando perdeu para a escola de samba Princesa Isabel. Ficou afastada dos carnavais
por brigas com o poder público durante vários anos das décadas de 1960 e 1970,
voltando a ganhar o campeonato somente em 1983, quando homenageou Adoniran
Barbosa, com o tão esperado retorno do Mestre Lotinho na avenida. Entre 1984 e
2003 a Tabajara ficou sem ganhar nenhum título, jejum que foi quebrado em 2003
e que a partir de 2005 até 2013 transformou-se em vitórias consecutivas.
Sendo a primeira escola de samba
de Uberlândia, foi natural que Tabajara
inspirasse a criação de outras escolas de samba. Foi assim que aconteceu com a “Pavão
Dourado”, escola de samba do Bairro Martins. Da Tabajara também saíram componentes que criaram outras agremiações como
a escola de samba “Princesa Isabel” (Zé Pretinho), “Unidos do Capela” (Capela)
e “Unidos do Chatão” (Pai Nego). Desta forma a Tabajara guarda a história e o legado de ser primeira escola de
samba do carnaval de rua de Uberlândia. Com todas as dificuldades, comunidades
se organizaram e criaram outras escolas de samba como:
·
Última
Hora (fundada por Du Marier)
·
Pavão
Dourado (fundada por Eugênio Silva)
·
Garotos
do Samba (fundada por Otávio Afonso – Mestre Bolo)
·
Imperiais
do Samba (fundada por Zé Pretinho)
·
Acadêmicos
do Samba (fundada por Ary de Castro Santos)
·
Unidos do
Luizote (fundada por Vininho),
·
Unidos do
Chatão (fundada pelo Pai Nego)
·
Unidos do
Capela e Princesa Isabel (fundada por
Eurípedes Bernardes de Assis – O Capela)
·
Cidade
Industrial, dentre várias outras bandeiras.
Precisamos
salientar que foi a partir dos desfiles do Carnaval que o “apartheid” existente no carnaval e no dia a dia de Uberlândia foi
sendo diluído, misturando e promovendo festa entre pessoas iguais - sejam brancos ou negros – pelo menos durante os
dias de folia. Para o Mestre Lotinho
essa foi a sua maior contribuição.
Para
além de sua tradição, a Tabajara também se consolidou
como um patrimônio cultural de
Uberlândia, contribuindo para a criação de Arte e Cultura em vários campos
como: composições musicais, danças, cenografia, teatro, literatura, artes
plásticas, figurino/costura, serralheria e concepção de estruturas para carros
alegóricos dentre outros. O Samba além de ser uma diversão, tornou-se também veículo
para a apresentação de um grande espetáculo que informa a população sobre temas
contemporâneos ou resgata a memória de nossa história.
Em
seus enredos a Tabajara já cantou na
avenida temas sobre ecologia e meio ambiente, crítica social, origens de nossa
culinária, história do congado e de outras culturas como o bumba-meu-boi,
histórias de Uberlândia e de seus ilustres filhos, homenagens a artistas ou a
povos que contribuíram para o progresso não somente econômico, mas também e principalmente o
progresso cultural de nossa cidade.
Carro Alegórico do enredo “Bota Rei Congo no Congado” – Carnaval de
2009. (Disponível em http://tvc-canal7.blogspot.com.br/2012/02/tabajara-sociedade-recreativa-historia.html Acesso em 07 novembro de 2013) |
Comissão de Frente do Desfile
da Tabajara em 2012 – Peguei um pau-de-arara no Sertão da Caatinga e no Cerrado
eu vim morar”
|
Comissão de Frente “O Mito da Criação na Aurora dos Deuses Nagôs”– Carnaval de 2013. (Disponível em http://migre.me/fGe4k Acesso em 06 de ago. 2013) |
Veja as conquistas que a escola vem acumulando nos últimos anos:
4ª parte: DE ALEGRIA
Nesta parte do enredo a Tabajara pretende fazer um protesto contra o “desaparecimento” do Bairro Patrimônio – um celeiro da cultura popular de Uberlândia – diante da especulação imobiliária que tem aguçado a disputa por seu território.
Como local que abrigou os negros forros e as pessoas mais pobres de Uberlândia, o bairro Patrimônio foi vítima da segregação sócioespacial e racial, tornando-se praticamente um quilombo urbano às margens do desenvolvimento que chegava até a cidade. Durante muito tempo seus habitantes apenas tiveram oportunidades de trabalho e de sobrevivência em atividades poluidoras e degradantes como o Matadouro Municipal e a Charqueada Omega. Essa exclusão social e territorial fez com que as pessoas construíssem sua identidade por meio da cultura, uma vez que na cidade os moradores de um quilombo não caçam, não plantam e nem pescam.
A
identidade do povo chamado de “pé
vermelho” foi criada por meio de manifestações populares como a Congada, a
Folia de Reis e o Carnaval (a partir da criação da Tabajara). E o Bairro Patrimônio
foi o “berço” desta cultura popular
em Uberlândia.
Folia dos Santos Reis no bairro PatrimônioDisponívelhttp://migre.me/fGeiM Acesso em 06 de ago. de 2013 |
No entanto, com o crescimento urbano e a decisão do plano diretor de que
a cidade deveria crescer mais para a direção sul do município, o Bairro
Patrimônio ficou no eixo de grandes empreendimentos projetados para a Zona Sul.
São empreendimentos predominantemente elitizados como Shopping Center,
condomínios horizontais, galerias de conveniência, restaurantes, clínicas
médicas e de estética que desfrutam da proximidade de um público mais abastado,
da proximidade de clubes requintados como o Cajubá e o Praia Clube além da bela
vista panorâmica que se tem no bairro do centro da cidade (a paisagem também
tornou-se mercadoria). O Patrimônio ficou
“ilhado” entre bairros elitizados. Houve tentativas de “desaparecer” com o
bairro Patrimônio a partir de fragmentações em loteamentos como o Copacabana,
Altamira e Morada da Colina.
Mapa da atual configuração territorial do bairro Patrimônio – 2013 Disponível em http://migre.me/fGdwCAcesso feito em 06 de ago.2013 |
Na nova
proposta de formatação dos bairros realizada pela prefeitura, deveriam ser
fundidos os bairros menos populosos. Neste caso, curiosamente, ocorreu o
contrário. Foram fundidos os mais populosos (Patrimônio e Copacabana – a parte
do Patrimônio altamente verticalizada) e foram mantidos os menos populosos e
mais abastados como os bairros Altamira e Morada da Colina.
Outro fator que nos chama a atenção
são os conflitos que passam a existir entre os antigos e novos moradores. Os
antigos querem manter suas tradições. Mas as manifestações culturais do bairro
não agregam mais seus moradores porque eles possuem histórias diferentes, ao
contrário do que ocorreu no passado. Durante a formação do bairro Patrimônio, a
exclusão acabou por unir os moradores que criaram uma identidade cultural ao
participarem de eventos e festas comunitárias como a Congada, a Folia de Reis e
o Carnaval todas elas realizadas nas ruas.
Terno de Congado Moçambique Princesa Isabel |
Terno de Congado Moçambique Pena Branca |
Terno de Congado Moçambique Raízes |
Já a
maioria dos novos moradores de classe média, média alta ou alta não se misturam
com os antigos moradores. As festas os incomodam e, frequentemente, há
reclamações do barulho, das movimentações nas ruas e dos transtornos provocados
no trânsito quando ocorrem estas manifestações. As casas simples atrapalham as
vendas de apartamentos novos e de mansões, além de outros empreendimentos
comerciais destinados à elite. É um conflito constante. Como todo conflito tem
um lado mais fraco, a memória do Patrimônio está sendo apagada e o bairro está “desaparecendo”.
A divisão das heranças e a necessidade
financeira também têm contribuído para expulsar o antigo morador do bairro para
outros lugares da cidade.
Preocupante também é o
fato de que a diversificação de pessoas no território do Patrimônio não
promoveu sua integração. Isso acabou por gerar intolerâncias e episódios de
violência.
Foi assustador encontrar em um
famoso site de busca algumas notícias sobre o Patrimônio e nos deparar, em
primeiro lugar, com a notícia de uma chacina ocorrida em agosto de 2012 que
deixou nove feridos, sendo que quatro morreram. Com tanta história e riqueza
cultural, é deprimente ver que um bairro tão tradicional não está apenas sendo
“apagado”. Ele está sendo consumido pela expansão do capital que traz consigo
também algumas mazelas sociais como furtos, roubos, assassinatos e tráfico de
drogas, dentre tantas outras formas de violência.
Rua Ipanema no bairro Patrimônio Disponível em http://migre.me/fE6uQAcesso em 06 de ago. de 2013 |
A apartação social se
manifesta no espaço e se materializa na paisagem como podemos conferir na
Figura 14 acima onde à esquerda podemos ver calçadas e construções do “novo” Patrimônio: bem feitas, modernas,
com verticalização que maximiza o uso do solo como mercadoria. Já à direita
vemos calçadas e casas simples do “velho”
Patrimônio. Ao fundo, a silhueta do Fundinho e do centro da cidade, altamente
verticalizados. O centro histórico de Uberlândia também está “desaparecendo”.
Essa apartação social não é só
percebida por meio das construções. Ela é manifestada no abismo social entre os
muito ricos e os muito pobres.
Sobre essa dura realidade é a escola encerra seu desfile com um questionamento:
Alegria (?).